O principal suspeito pelo feminicídio da técnica de enfermagem indígena Joanilde Guajajara, em Amarante do Maranhão, foi capturado na manhã desta sexta-feira, 23, durante uma operação das polícias Civil e Militar para o cumprimento do mandado de prisão expedido contra ele. A prisão foi realizada após dois dias de intensa perseguição e resistência no âmbito da Operação Shamar, de prevenção e combate à violência contra a mulher e ao feminicídio.
O secretário da Segurança Pública, Maurício Ribeiro Martins, destacou e agradeceu o empenho das equipes para a prisão do suspeito. “As nossas polícias Civil e Militar de Amarante e Grajaú, sob a coordenação da Delegacia de Amarante, agiram rapidamente prendendo o autor desse crime bárbaro, que já está à disposição da Justiça. Agradeço o empenho de todos. Destaco que todo o sistema de segurança pública do Maranhão segue empenhado em prevenir e combater crimes contra mulheres, realizando ações permanentes em todo o estado por meio das polícias Civil e Militar”.
O suspeito foi encontrado na zona rural do município onde o crime ocorreu por uma equipe de policiais civis e militares locais, de Grajaú e de Imperatriz, além de agentes do Grupo de Pronto Emprego (GPE) e do Centro Tático Aéreo (CTA), conforme informações do titular da Delegacia de Amarante, que conduz as investigações.
“Ele estava pilotando uma moto roubada e portando uma faca. Durante a abordagem, ele não obedeceu à ordem de parada e avançou contra os policiais, que realizaram disparos de advertência. O suspeito continuou seu avanço e foi alvejado no calcanhar esquerdo, resultando em sua rendição imediata”, declarou o delegado Emerson Felipe.
Após o incidente, o suspeito foi inicialmente encaminhado para cuidados médicos e, posteriormente, para a Delegacia de Imperatriz, onde está passa pelos procedimentos legais cabíveis antes de ser recambiado para uma unidade prisional da região.
Contexto do crime
O histórico de violência do suspeito é extenso. Ele já respondeu a processos por lesão corporal contra Joanilde e sua enteada, foi condenado por porte ilegal de arma e é acusado de feminicídio em outro caso, o qual levou à sua prisão em janeiro de 2021 e posterior libertação, em junho do mesmo ano.
A técnica de enfermagem tinha quatro filhas, todas menores, sendo duas do suspeito. O casal estava junto desde 2014, quando ocorreu o primeiro flagrante de lesão corporal.
Na semana anterior ao crime, o suspeito ameaçou Joanilde, forçando-a a fugir para a casa dos pais na aldeia. Dois dias antes do assassinato, ele tentou levá-la à força da casa dos sogros, mas foi impedido por populares.
No dia do crime, 21 de agosto, Joanilde retornou para casa por volta das 18h. Nesse momento, o suspeito deixou as filhas do casal do lado de fora, amarrou a vítima e a golpeou várias vezes com uma faca. Os pais de ambos foram chamados, mas ao chegarem ao local, encontraram a indígena morta e o suspeito em fuga.
Após o crime, o suspeito fugiu em um veículo modelo Siena, de cor prata, abrigando-se em diferentes locais e quase sendo capturado na madrugada do dia 22 de agosto. Durante sua fuga, furtou uma moto, que estava pilotando no momento da sua captura.
Além da prisão do suspeito, a polícia apreendeu a faca que teria sido utilizada no feminicídio, uma segunda faca que ele portava no momento da abordagem, armas de fogo em sua casa e o carro utilizado na fuga, que foi encontrado escondido na mata por uma equipe de policiais civis de Grajaú.