Guardiões da Floresta se sentem ameaçados por garimpeiros madereiros no Maranhão

Conteúdo do G1 MA:

O Artigo 231 da Constituição Federal determina que sejam reconhecidos aos indígenas a “sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”. Porém, esse reconhecimento está só no papel, na prática, os territórios indígenas são constantemente invadidos, desmatados e ameaçados, além disso, indígenas são mortos.

De acordo com o Atlas da Violência 2021, mais de 2 mil indígenas foram assassinados entre 2009 e 2019 no Brasil, representando uma taxa 21,6% maior, em dez anos, em comparação com a taxa de homicídios em geral, que apresentou queda.

Esquecidos do poder público, eles precisam se organizar para defender sua cultura, religião e, principalmente, suas terras. No momento em que se comemora o Dia de Proteção às Florestas, neste 17 de julho, além de ser o Dia do Curupira, uma figura do folclore brasileiro conhecida por ser o guardião das florestas, o g1 Maranhão destaca o trabalho de guardiões de verdade, indígenas que deixam suas aldeias e saem mata a dentro em busca de invasores. O objetivo, é defender o território das mãos que destroem a natureza em nome de um progresso que mata e desmata.

O Estado Brasileiro ele nunca mudou, ele nunca cumpriu com seu dever de proteger os nossos direitos. E, por isso, tivemos essa iniciativa de proteger, nós como donos do território, donos da floresta, começar com esse grande desafio de proteger o nosso território, porque nós que sabemos nosso sofrimento aqui dentro com essa invasão. Então o Estado brasileiro tem que apresentar algum projeto que possa beneficiar as famílias que necessitam de um projeto que possa gerar uma renda dentro da comunidade”, defende Flay Guajajara, um dos integrantes do grupo de indígenas que protege parte da floresta Amazônica de invasões.

Se valendo do Artigo 232 da Constituição, que garante aos indígenas, suas comunidades e organizações a legitimidade de ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, indígenas de diversas etnias atuam na proteção da floresta Amazônica, para impedir o desmatamento e expulsar invasores. A ação fiscalizadora teve início em 2012, por causa do aumento das invasões por parte de madeireiros e garimpeiros aos territórios indígenas maranhenses.

Indígenas cercam homens que estavam em acampamento montado na Terra Indígena Alto Turiaçu, com a finalidade de desmatar a região — Foto: Lunae Parracho/Reuters

Indígenas cercam homens que estavam em acampamento montado na Terra Indígena Alto Turiaçu, com a finalidade de desmatar a região — Foto: Lunae Parracho/Reuters

Os Guardiões da Floresta, como são chamados, enfrentam a mata e o risco de morte por meio de madeireiros e outros invasores, para patrulhar a Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, na tentativa de impedir o avanço do desmatamento e a possibilidade de perderem suas terras.

Antes de 2019, a Terra Indígena Araribóia ficava no coração da floresta. Agora, é uma pequena ilha verde em meio a fazendas. Na região vivem cerca de 14 mil indígenas Guajajara, em torno de 155 aldeias. E, há cerca 400 anos, eles lutam para manter seus costumes e seu domínio sobre as terras, tradicionalmente, ocupadas por eles.

Guardiões da Floresta durante formação política na Terra Indígena Araribóia. — Foto: Gilderlan Rodrigues/Cimi-MA

Guardiões da Floresta durante formação política na Terra Indígena Araribóia. — Foto: Gilderlan Rodrigues/Cimi-MA

Os indígenas Guajajara começaram a se articular para proteger seu território ainda no início dos anos 2000, quando houve uma violenta invasão dos territórios tradicionais e uma nítida omissão do poder público.

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