Foram mais de 6 horas de sessão na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, onde o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi para dar explicações sobre o texto da reforma da Previdência proposto pelo governo.
Guedes respondeu às perguntas de 24 deputados, sendo mais da metade deles de oposição, e em muitos momentos o clima esquentou.
No mais tenso deles, que levou ao fim da audiência por volta das 20h30, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), filho de José Dirceu, disse que o ministro era “tigrão” ao tratar de aposentados, idosos, agricultores e professores na reforma da Previdência, mas era “tchutchuca” com “a turma mais privilegiada do nosso país”.
Guedes respondeu, mesmo com o microfone desligado: “Tchutchuca é a mãe, a avó”. E disse que devia respeito a quem o respeitasse.
O presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), pediu aos dois que retirassem as palavras, sem sucesso. Foi então que o deputado do PSL encerrou a sessão.
Antes disso, Guedes havia subido o tom ao questionar por que o Congresso não aprovou mudanças como tributação sobre grandes fortunas.
“Vocês estão há 4 mandatos no poder. Por que não votaram imposto sobre dividendos? Por que deram benefícios para bilionários? Por que deram dinheiro para a JBS? Por que deram dinheiro para o BNDES?”, questionou o ministro. “Nós estamos há 3 meses [no governo], vocês tiveram 18 anos no poder e não tiveram coragem de mudar.”
Mais tarde, deputados reagiram à frase de Guedes de que “quem acha que a reforma não é necessária é caso de internamento”. Parlamentares de oposição exigiam que o ministro retirasse o que havia dito, e o presidente da comissão chegou a ameaçar encerrar a sessão diante do tumulto. Guedes afirmou depois que não disse para internar quem não aprovar a reforma do governo, mas quem acha que não é necessário ter reforma.
Mesmo no dia seguinte à treta na Câmara, o tema continuou repercutindo nas redes sociais, com duas hashtags ficando entre os 4 assuntos mais comentados do Twitter no Brasil: #SomosTodosPauloGuedes, em segundo lugar, e #TchutchucaDosBanqueiros, em quarto.
O debate é (ou deveria ser) sério, mas o brasileiro não perde a piada – principalmente quando o Congresso dá todo o material para isso.
Quem também aproveitou para tirar uma casquinha da confusão na Câmara Federal foi o Bonde do Tigrão, banda responsável pelo hit Tchuchuca, lançado em 2001. Os termos popularizados pelo Bonde foram usados por Zeca Dirceu contra Paulo Guedes.
Em comunicado divulgado pelo Facebook, o vocalista do Bonde disse que ficou surpreso com a treta. Leandrinho lamentou que o parlamentar “desrespeitou” o ministro, justificando que ele “além ser uma autoridade, é um senhor de idade”.
Ainda segundo a nota, Tchuchuca foi criada como brincadeira para elogiar as mulheres e não para ser “pauta e alusão desconexa sobre um assunto desconexo que requer seriedade para nossa sociedade”. É uma referência à reforma da Previdência.
A seguir, você acompanha a repercussão no Twitter. Teve quem fosse cobrar Zeca Dirceu diretamente em seu perfil:
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