Mãe de menina que foi chamada de ‘macaca preta’ por colega de turma denuncia professora por injúria

A mãe da menina Gabriela Vitória da Silva, que denuncia que foi chamada de ‘macaca preta’ por um colega de classe de uma escola pública do Rio, decidiu dar queixa da professora pelo crime de injúria por preconceito. O boletim de ocorrência foi feito neste domingo (30) na 35ª DP (Campo Grande).

Glaucia da Silva decidiu denunciar a professora depois que o caso veio à tona. A mãe só foi saber o que aconteceu na sala um mês depois, ao perceber que a filha não queria mais ir para a escola.

Glaucia contou ter conversado com a professora, que no dia seguinte mandou uma mensagem pelo WhatsApp: “Eu chamei a atenção dele! Eu falei: ‘Você sabe que cor você tem. Você só é um pouco mais claro que a Gabriela. Por que faz isso?’, teria dito a professora.

“É racismo. Se fosse branco podia falar?”, indagou a mãe.

Segundo a mãe, a professora foi afastada das funções enquanto o caso é apurado.

“Ela é uma educadora, deveria ajudar. O menino também é vítima. Se ele fosse branco ia poder ser racista com a minha filha? O que ela fez não foi certo”, reforça Glaucia.

A auxiliar administrativa diz ainda que deseja que a professora, que não foi identificada, explique o motivo de não ter comunicado a situação.

“Eu quero que ela responda ao delegado o que ela não respondeu pra mim. Quero saber por que ela não me comunicou dos fatos se eu era mãe da vítima em questão”, questiona a mãe.

Questionada, a criança disse que não quer mais continuar na mesma escola em que tudo aconteceu. Ela deve ser transferida ainda nesta semana. Gabriela retornou ao colégio nesta terça-feira (2), mas não se sente bem no local.

Segundo a mãe, até medo para ir ao banheiro ela teve. Mesmo banheiro no qual a menina chorou sozinha depois de ser vítima de racismo. Ela vai ter acompanhamento psicológico nos próximos dias.

O que dizem as autoridades

No dia da denúncia, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que não compactua com atitudes racistas na comunidade escolar, que está instaurando uma sindicância para apuração dos fatos e que se solidariza com a estudante e a família.

A SME informa ainda que há uma área atuante no combate ao racismo que já capacitou 3.600 professores.

Polícia Civil informou que as investigações foram suspensas. Um dos motivos seria pelo autor do crime ter menos de 12 anos.

O delegado concluiu também que não houve injúria por parte da professora e, por isso, ela não será investigada pela Polícia Civil.

Sonho em ser pediatra e conhecer a Maju Coutinho

A menina, que tem 7 anos, sonha em ser pediatra. Ela quer cuidar de outras crianças e a mãe reforça: “ela tem muita força, eu acredito que ela vai ser pediatra”.

Gabriela e a mãe — Foto: Arquivo pessoal

Gabriela e a mãe — Foto: Arquivo pessoal

Apaixonada pelos estudos, Gabriela se esforça para sempre tirar notas altas na escola. Agora, uma das referências dela é a Maju Coutinho. A mãe conta que ela se sente representada pela jornalista.

“Mamãe, eu quero conhecer a Maju porque ela é negra que nem a gente”, disse a menina para a mãe.

Em uma ocasião, ela defendeu uma coleguinha de intolerância religiosa. Um menino estava implicando com uma outra criança que usava uma pulseira de religião de matriz africana.

“Olha só, garoto, você tem que entender que todo mundo tem sua religião, respeita a religião das pessoas. Vamos amiga, vamos brincar”, disse a menina na situação, de acordo com a mãe.

Comunicação e Ciências Pedagógias, atuante na area de comunicação desde 2000 até o momento.
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