O Ceará se prepara para colher uma área plantada de aproximadamente dois mil hectares de algodão a partir de julho, o equivalente ao dobro da safra anterior. O resultado é da segunda safra do Programa de Implantação da Cultura do Algodão no Ceará, que trouxe frutos que vão além dos capulhos de algodão. Traumatizados com o bicudo-do-algodão, que devastou plantações há mais de duas décadas, muitos produtores abandonaram a cultura. Hoje, com novas cultivares desenvolvidas pela pesquisa, manejo moderno, apoio de assistência técnica rural e incentivo de grandes empresas têxteis, o estado estabeleceu bases para a ampliação sustentável da produção da pluma nos próximos anos.
“Os resultados nos deixam muito otimistas. Já temos mais de dois mil hectares legalizados na Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri) e empresas em processo de implantação para produzir a semente necessária para atingirmos 30 mil hectares de algodão no estado, nos próximos anos, gerando emprego e renda com a cultura mais resistente à seca entre as tradicionais, e agora com tecnologia de convivência com as pragas”, comemora o coordenador do programa, Euvaldo Bringel.
Garantia de compra
Outro ponto que favorece esse avanço é o fato de o estado abrigar um forte polo têxtil, o que reduz os custos de transporte. Segundo o Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral no Estado (Sinditêxtil), o Ceará é o terceiro maior polo nacional, com um dos mais modernos parques tecnológicos do País, mão de obra com aptidões naturais, localização estratégica para as exportações e infraestrutura aeroportuária, que contribuem para o aumento de competitividade da cadeia têxtil cearense. Estão no estado grandes companhias do setor como Vicunha, Unitêxtil, TBM e Santana Textiles.
Para estimular a expansão da produção no estado, a empresa fornece o serviço de colheita mecanizada e garante a compra de toda a produção a preço que hoje seria de R$ 2,15, o quilo do algodão em caroço. “Como esse é um investimento muito alto para quem está começando e a colheitadeira é específica para a cultura, nós disponibilizamos esse serviço”, divulga o diretor.
Segundo ele, nesta safra já estão cadastrados mais de 1.800 hectares com garantia de compra do algodão e parte dessa área será de colheita mecanizada. Atualmente, a produção de algodão no Ceará se concentra em três polos principais: Cariri, Sertão Central e Chapada do Apodi.
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