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A explicação de Bolsonaro sobre o cheque repassado pelo ex-assessor do filho

A explicação de Bolsonaro sobre o cheque repassado pelo ex-assessor do filho

Em declarações dadas neste fim de semana sobre as movimentações financeiras do policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor de seu filho Flávio Bolsonaro, senador eleito pelo PSL-RJ, Jair Bolsonaro disse que cabe a Queiroz dar explicações sobre o assunto.

Relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou que Queiroz movimentou mais de R$ 1,2 milhão em um ano. Ele também depositou um cheque de R$ 24 mil para a futura-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O presidente eleito diz que o valor se refere a uma dívida que Queiroz tinha com ele e que o ex-assessor, de quem é amigo há mais de 30 anos, deverá esclarecer o restante.

“Ele vai dar as explicações”, disse Bolsonaro neste domingo (9). Ele falou com a imprensa quando retornava para sua casa na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, depois de ir ao banco e tomar água de coco na praia.

De acordo com o Coaf, entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017, Queiroz movimentou mais de R$ 1,2 milhão, valor considerado “incompatível” com seu patrimônio e atividade econômica. Ele atuava como segurança e motorista no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) e também recebia rendimentos como PM.

O presidente eleito demorou mais de 24 horas para se pronunciar sobre o caso. Saiba o que Bolsonaro falou:

1. Pagamento de dívida pessoal

Na tarde de sexta-feira (7), Bolsonaro disse ao site O Antagonista que os depósitos realizados na conta de Michelle Bolsonaro se referem ao pagamento de uma dívida que Queiroz tinha com ele.

“Emprestei dinheiro para ele em outras oportunidades. Nessa última agora ele estava com um problema financeiro e uma dívida que ele tinha comigo se acumulou. Não foram R$ 24 mil, foram R$ 40 mil. Se o Coaf quiser retroagir um pouco mais, vai chegar nos R$ 40 mil.”

2. Dificuldade para ir a caixa eletrônico

O presidente eleito disse que o depósito foi feito na conta de sua mulher porque ele anda “atarefado”, com dificuldade para ir ao banco.

“Foi na [conta da] minha esposa, [mas] pode considerar na minha. Não foi na minha conta por falta de mobilidade minha, que eu ando atarefado o tempo todo para ir em banco”, disse o presidente eleito, no sábado (8).

Apesar da justificativa, Bolsonaro saiu de casa neste domingo para ir a um caixa eletrônico, conforme divulgado por sua assessoria.

3. Corrupção não se faz com ‘cheque nominal’

Ao justificar a transação, Bolsonaro disse que “ninguém recebe ou dá dinheiro sujo com cheque nominal”.

“Tenho dificuldade para ir em banco, andar na rua. Deixei para minha esposa. Lamento o constrangimento que ela está passando no tocante a isso, mas ninguém recebe ou dá dinheiro sujo com cheque nominal, meu Deus do céu”, disse, também no sábado.

4. ‘Se eu errei, arco com responsabilidade’

Questionado sobre por que não declarou o empréstimo no Imposto de Renda, Bolsonaro disse que pode ter cometido um erro.

“O empréstimo foi se avolumando. Se eu errei, eu arco com a minha responsabilidade perante o fisco, sem problema nenhum”, explicou, no sábado.

Fabrício José Carlos de Queiroz em foto com Jair Bolsonaro, em 2013.

Outras movimentações suspeitas

O relatório também revela que 9 servidores que trabalharam com Flávio Bolsonaro na Alerj fizeram transferências para uma conta bancária de Queiroz, entre eles duas filhas e a mulher do ex-assessor.

A filha Nathalia Melo de Queiroz foi exonerada do gabinete de Flávio no dia 12 de dezembro de 2016. Naquele mesmo dia, a irmã dela, Evelyn Melo de Queiroz, foi contratada para ocupar a vaga. Nathalia, porém, não ficou sem cargo: ela foi nomeada secretária parlamentar do então deputado Jair Bolsonaro, em Brasília.

Questionado, o presidente eleito disse que o País tem “14 milhões de desempregados” e que a indicação de pessoas próximas “é natural”.

“É natural, quando alguém é exonerado no gabinete, é natural quem está lá dentro apresentar alguém com competência para assumir aquele lugar, e muitas vezes são parentes. Temos 14 milhões de desempregados no Brasil, não tem nada a ver isso aí”.

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