Maioria dos trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão no país é formada por maranhenses; número chega a mais de 8 mil

Fonte G1MA

Entre 2003 e 2021, 8. 636 maranhenses foram resgatados em situação de trabalho análogo à escravidão.

Segundo o Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo, o Maranhão é o maior exportador de mão de obra escrava do país. Entre 2003 e 2021, 8. 636 maranhenses foram resgatados em situação de trabalho análogo à escravidão, mais que o dobro do segundo lugar da lista, que é o estado de Minas Gerais, com 4.126 trabalhadores resgatados.

Dentro do Maranhão, os casos também se multiplicam e chocam pela gravidade. No início de 2022, em Cidelândia, a 618 km de São Luís, O trabalhador Luís Alves sofreu uma tentativa de homicídio quando tentou cobrar o salário do patrão. O Ministério Público do Trabalho do Maranhão (MPT-MA) entrou na investigação e descobriu que a fazenda onde ele trabalhava mantinha os funcionários em condições desumanas, dormindo no chão, bebendo água suja e comendo junto com animais.

Em abril de 2022, uma operação da Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão em carvoarias de Grajaú, a 566 km da capital maranhense, e encontrou os trabalhadores submetidos à jornada de trabalho exaustiva, 40 dias seguidos trabalhando e cinco dias para descanso, segundo a PF, dormindo e comendo em condições insalubres.

Muitos maranhenses vão em busca de melhores salários. — Foto: Reprodução / TV Mirante

Muitos maranhenses vão em busca de melhores salários. — Foto: Reprodução / TV Mirante

A situação se repetiu em carvoarias de Grajaú e Sítio Novo, em agosto, onde trabalhadores resgatados recebiam o equivalente a R$ 3 por metro cúbico de carvão produzido e tinham carga horária de 22 horas por dia. Eles também não usavam equipamentos de proteção individual, nem mesmo máscaras eram disponibilizadas para a exaustiva jornada de trabalho.

Em 2022, o MPT-MA recebeu 80 denúncias de trabalho escravo no Maranhão, foi o maior número registrado nos últimos 20 anos. As investigações comandadas pelo órgão resultaram em 14 forças tarefas que resgataram mais 80 pessoas exercendo trabalho análogo à escravidão em 19 municípios do estado.

“O cidadão, o trabalhador, ele viu o resultado. Ele viu que a denúncia produz efeito, que a sua denúncia é investigada, e que o Ministério Público do Trabalho vai ao local investigar os fatos. Eu acredito que a efetividade, as pessoas vendo a justiça acontecer, os trabalhadores sendo resgatados de condições análogas à escravidão levou a essa ampliação de denúncias, levou o cidadão a acreditar na credibilidade dos órgãos públicos envolvidos e trazer essas denúncias para apuração e investigação”, disse Luciano Aragão, procurador-chefe do MPT-MA.

Luciano Aragão, procurador-chefe do MPT-MA. — Foto: Reprodução / TV Mirante

Luciano Aragão, procurador-chefe do MPT-MA. — Foto: Reprodução / TV Mirante

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