Mineiro que se curou de câncer terminal com tratamento inédito está pronto para voltar pra casa

Mineiro que se curou de câncer terminal com tratamento inédito está pronto para voltar pra casa

Após 33 dias em um tratamento inédito contra o câncer em São Paulo, o aposentado Vamberto Castro de 62 anos, e sua mulher, Rosemary Castro, se preparam para voltar a Belo Horizonte, onde moram. A reposta positiva ao tratamento pioneiro no Brasil, realizado por médicos da Universidade de São Paulo (USP), além de ter mudado a vida de Vamberto, que já havia sido desacreditado quanto à doença, é também uma esperança para outros pacientes.

Antes de se submeter à novidade, o aposentado passou dois anos se tratando convencionalmente de um linfoma em estado grave. Mas após cerca de um mês experimentando a terapia inédita na América Latina, implantada pelo Centro de Terapia Celular (CTC) do Hemocentro, ligado ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, a boa notícia veio: as células cancerígenas haviam desaparecido.

“Foi maravilhoso. Imagina que você está em uma estrada sem saída e você já tentou de tudo o que podia para sair. Aí, de repente, alguém te dá o caminho. Sou muito grata aos médicos da USP que aceitaram este caso e que cuidaram com tanto carinho do meu marido. Eu espero que isso passe a ser aplicado em outros pacientes também, porque só quem vive essa doença sabe a dor e o sofrimento que é”, conta Rosemary.

A melhora de Vamberto, em tão pouco tempo, é visível. “Ele chegou aqui muito magro, debilitado, sem conseguir andar. Agora, já ganhou peso, se movimenta com mais facilidade. É até assustador, no bom sentido, comparar a aparência dele de antes e depois”, comenta.

A previsão é que o paciente receba alta neste sábado (12), e ele e a mulher já voltam para BH no domingo (13), onde a família pretende continuar a vida que tinha antes do diagnóstico. “A nossa vida é muito regular, muito simples. Temos dois filhos, uma neta. E depois de todo esse rebuliço que a nossa vida virou, queremos retomar a vida que tínhamos antes, uma vida feliz e tranquila com a família”, conta.

Para Rosemary, o marido foi escolhido para um experimento que deu certo. A vontade da família é que essa nova possibilidade de tratamento, ao qual eles não tiveram nenhuma despesa, seja viabilizado em todo o Brasil, sem custos, o mais rápido possível.

“A gente tem muita fé e sempre acreditamos que Deus tem uma missão e um caminho para cada um. Já pensei, algumas vezes, que ia perder o meu marido para a doença, mas quando estávamos vindo para São Paulo eu pensei que a gente não estava fazendo essa viagem à toa e que havia algo aqui nos esperando. Graças a Deus e a estes grandes profissionais ele foi curado, e esperamos que todos tenham a mesma oportunidade que ele”, conclui.

O tratamento

A ponte entre o paciente de BH e a terapia em caráter experimental em São Paulo foi feita por um filho do casal, que é dentista. Chamado de terapia celular CAR-T, o procedimento já é adotado nos Estados Unidos como “último recurso” para tratar linfomas e leucemias avançadas.

O linfoma combatido com o novo tratamento é um tipo de câncer que afeta o sistema imunológico. O paciente sofria de uma forma avançada de linfoma de células B, que não havia respondido a nenhum dos tratamentos de quimioterapia e radioterapia indicados para o caso. O prognóstico era de menos de um ano de vida.

“O paciente tinha um câncer em um estágio terminal, já tinha sido submetido a quatro tipos diferentes de tratamento, sem resposta. Estava no que nós chamamos tratamento compassivo, que é tratamento sintomático, esperando o desencadear normal, que é o óbito. Estava na fila dos sem possibilidade de tratamento”, lembra o médico Dimas Tadeu Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular (CTC) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP.

Cerca de 20 dias após o início do tratamento, a resposta de saúde do paciente foi promissora: os exames passaram a mostrar que as células cancerígenas desapareceram. “Ele teve essa resposta quase milagrosa. Em um mês, a doença desapareceu. Para essa situação, existem experiências americanas [que mostram] que o índice é superior a 80% de cura. Pacientes que estavam condenados, como esse do nosso caso, têm 80% de chance de cura com uma única aplicação desse tratamento”, destaca o médico.

“Daí a sua característica revolucionária. As pessoas não acreditam na resposta tão rápida em um curto espaço de tempo”, acrescenta Covas. O paciente será acompanhado por uma equipe médica, por pelo menos 10 anos, para que se saiba a efetividade do procedimento.

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